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“Sou movida a desafios”, conta a atriz pernambucana Júlia Konrad

“Sou movida a desafios”, conta a atriz pernambucana Júlia Konrad

Julia Konrad - Crédito: Ricardo Penna/Site Heloisa Tolipan

Julia Konrad, pernambucana que é destaque nas telinhas – Crédito: Ricardo Penna/Site Heloisa Tolipan

Quando a pessoa tem um dom, não tem pra onde fugir. E nem pra quê fugir. Júlia Konrad, recifense, se encontrou na arte desde que se entende por gente. A jovem de 27 anos, que sempre teve o apoio dos familiares, é uma artista completa: se formou no conservatório de artes American Musical and Dramatic Academy, de Nova Iorque, nos EUA, onde teve aulas de todos os tipos de dança, de canto, de corpo e atuação. Quando completou 23 anos, retornou ao Brasil, onde vive do seu trabalho com a arte.

Caio Paduan e Julia Konrad - Foto: Divulgação

Caio Paduan e Julia Konrad – Foto: Divulgação

A pernambucana namora Caio Paduan, também ator, com quem mora no Rio de Janeiro e tem uma história de vida e tanto. O primeiro contato com o teatro musical surgiu em Buenos Aires. “Foi lá que me formei como pessoa”, conta. Após a estadia na Argentina, passou três anos estudando nos Estados Unidos e voltou para ganhar o Brasil. Desde então, ela coleciona personagens de teatro, filmes e novelas em seu currículo.

Júlia Konrad como a vilã Ciça - Crédito: Divulgação

Júlia Konrad na pele da vilã Ciça, em Malhação – Crédito: Divulgação

A atriz participou do filme Allure e das novelas Geração Brasil, Sete Vidas, Malhação (como Ciça, papel que mudou completamente a sua vida), e Rock Story. Em 2018, volta às telonas com o longa de Monique Gardenberg, chamado Paraíso Perdido. Para o papel, ela confessa que passou por desafios: “Tive que aprender libras. É um idioma novo, foi algo riquíssimo, um estudo maravilhoso”, revelou.

Crédito: Reprodução / Instagram

Crédito: Reprodução / Instagram

Em tempo, Júlia ainda usa sua voz como figura pública para conscientizar seu público, sempre buscando trazer algo bom para quem a acompanha. Entre os assuntos abordados em suas redes sociais, está a autoaceitação. No caso, seus cachos. “Acho que é importante dividir esse tipo de coisa com meu público, poder dar minha vivência como exemplo. Eu não tive isso. Quero mostrar que também temos como nos sentirmos bem na nossa própria pele, se amar como a gente é”, conclui.

Julia Konrad - Crédito: Ricardo Penna/Site Heloisa Tolipan

Julia Konrad – Crédito: Ricardo Penna/Site Heloisa Tolipan

Em bate-papo exclusivo com a equipe do Blog João Alberto, Júlia Konrad contou sobre sua trajetória no mundo das artes, o processo de construção dos personagens, diferenças entre os ramos da atuação, seu relacionamento com Caio Paudan, família, e os planos futuros. Leia na íntegra:

Como começou a sua história com a arte?
Eu tenho tendências para a arte desde muito nova. Lembro que eu queria fazer balé. Minha mãe me dizia que quando eu fizesse 3 anos, ela me colocaria. Digamos que foi meu presente de aniversário. Depois disso, sempre estive muito ligada à música, eu tinha um pianinho de brinquedo. Foi algo que esteve muito presente em mim, desde criança.

Como sua família se posicionou sobre sua vontade de ser artista?
Meus pais sempre me apoiaram e incentivaram. Minha mãe já me colocava em aulas quando via que eu tinha alguma habilidade. Quando ganhei uma bolsa para estudar fora, eu fiquei receosa de ir, mas eles me incentivaram muito e eu fui.

Foto: Isabella Pinheiro/Gshow

Foto: Isabella Pinheiro/Gshow

Qual a sua relação com a Argentina?
Nasci no Recife, onde morei até meus 10 anos de idade. A partir daí, eu me mudei para Buenos Aires, na Argentina. Meu avô tinha um restaurante desde 1993 na cidade e, em 2000, ele precisou que alguém da família fosse ajudar na administração, por causa da crise do país, na época. Até meus 20 anos, eu vivi lá com minha família. Foi onde criei meus gostos, foi aquele momento da vida que a gente descobre quem é. Foi lá que me formei como pessoa.

Você estudou nos Estados Unidos. Como foi a experiência?
Eu sempre estive muito envolvida com teatro musical na Argentina, é algo cultural e presente nas escolas. E aí eu me apaixonei pelo teatro musical. Inclusive, entrei no teatro por conta da música. Decidi que queria me profissionalizar e trabalhar com isso, pesquisei e descobri que o conservatório de artes American Musical and Dramatic Academy, de Nova Iorque, nos EUA, tinha audições em Buenos Aires. Fiz a audição, passei e ganhei uma bolsa parcial. O programa era muito puxado, eram 12 horas de aulas de todos os tipos de dança, de canto, de corpo, de movimento. Fora as amizades que eu fiz, né? Fiquei três anos lá. Foi uma experiência riquíssima. Nova Iorque respira arte.

Foto: Isabella Pinheiro/Gshow

Foto: Isabella Pinheiro/Gshow

Como foi o seu primeiro teste para atuar em Malhação?
Eu voltei dos Estados Unidos em 2013. Assim que fiz isso, realizei meu cadastro na Globo e aí eles chamam para fazer um vídeo de monólogo.  Nesta época, estavam fazendo seleção para a novela Geração Brasil, de núcleo pernambucano. Viram que eu cantava, que era pernambucana e passei. Depois, fiz participação em Sete Vidas, de Adriano Melo. Por coincidência, ele estava a cargo da próxima edição de Malhação. Quando abriram a seleção de  testes, ele lembrou de mim. Fiz e passei. Uma coisa foi levando a outra. É importante sempre estar preparado, mas é também sobre estar no lugar certo, na hora certa.

Você tem um currículo de teatro, filme e novelas. Qual segmento da atuação você mais se identifica?
Muito difícil dizer. Cada um deles tem sua particularidade. Teatro é uma coisa muito viva, toda apresentação muda, depende da energia com o público. Eu amo a sensação de não saber o que vai acontecer. Com TV, é agilidade. Você entra e grava. Tem que estar sempre muito preparado, não tem tempo para errar. E com filme, você ensaia várias vezes, filma várias vezes, acaba descobrindo outros caminhos para seguir. Todos os segmentos têm elementos que me desafiam e me ensinam. E gosto de dizer que sou assim: movida a desafios. Eu não tenho como escolher só um.

Julia Konrad interpreta Celeste, que canta em boate no filme Paraíso Perdido. A previsão de estreia é para 2018 - Foto: Fabio Braga/Dueto Produções

Julia Konrad interpreta Celeste, que canta em boate no filme Paraíso Perdido. A previsão de estreia é para 2018 – Foto: Fabio Braga/Dueto Produções

Como é o processo de construção dos personagens?
Depende do projeto. Novela a gente recebe o pequeno perfil do personagem e o processo vai ser feito com o preparador de elenco, junto com o elenco. São uns 10 dias, o dia inteiro, você sai pronto para gravar, com seu personagem construído. No teatro, você ensaia por meses e a cada ensaio você descobre algo novo. Tem mais tempo pra estudar, ler livros, ver filmes, pesquisar as referências. Já o filme fica no meio dos dois – tem o preparador de elenco durante alguns dias, mas como tem mais tempo para fazer, tem a pesquisa, que no teatro também rola. Eu, Júlia, gosto de, assim que souber sobre o tema e o perfil do personagem, procurar ler e assistir o máximo possível, para já ter muita coisa dentro de mim e ajudar na hora da preparação.

Crédito: TV Globo/Divulgação

Crédito: TV Globo/Divulgação

Celeste é a sua próxima personagem, no longa Paraíso Perdido, que tem previsão de lançamento em 2018. Como foi a preparação?
Gravamos no começo do ano. Tive que aprender libras porque ela se comunica com o primo dela e tem pessoas surdas no filme também. É um idioma novo, foi algo riquíssimo, um estudo maravilhoso. O universo que a Monique Gardenberg criou é fantástico. Só se cantam músicas românticas de brega, em uma boate que parou no tempo. A minha personagem muda muito de cabelo durante o filme, usa umas 300 perucas (risos), peruca platinada, aplique… Ficam brincando com meu cabelo para as apresentações.

A atriz Julia Konrad durante cena no longa metragem em que interpreta a personagem Celeste - Foto: Fabio Braga/Dueto Produções

A atriz Julia Konrad durante cena no longa metragem em que interpreta a personagem Celeste – Foto: Fabio Braga/Dueto Produções

Você é inspiração para muitas pessoas quando se trata de autoaceitação. Como você enxerga que a sua relação com você mesma pode afetar a vida de quem te acompanha? 
A partir do momento que a gente vira uma pessoa pública, temos um dever com o nosso público. Sigo buscando mostrar coisas que melhorem. Sempre tive uma relação de amor e ódio com meu cabelo na adolescência. Eu me achava horrorosa. Não me curtia, queria alisar o cabelo e minha mãe não deixava. Quando comecei a aprender a cuidar do meu cabelo, descobri que também podia me achar bonita com ele  do jeito que é. Demorou alguns anos para usar meu cabelo solto com orgulho, mas consegui. Acho que é importante dividir esse tipo de coisa com meu público, poder dar minha vivência como exemplo. Eu não tive isso. Quero mostrar que também temos como nos sentirmos bem na nossa própria pele, se amar como a gente é. E aí então a gente pode e deve brincar com nosso cabelo, sem que seja um escudo, uma neura. Você pode ser cacheada e gostar do seu cabelo escovado também.

Crédito: TV Globo/Divulgação

Crédito: TV Globo/Divulgação

Seu namorado Caio Paduan também é ator. Como é a relação de vocês? 
Somos muito parceiros em todos os sentidos. A gente bate texto juntos, procuramos dar uns toques, estudamos juntos… O Caio é um artista incrível, admiro muito o trabalho dele. Nossa parceria vai além de trabalho. É tudo: amizade, vida… Estou morando com meu melhor amigo. É algo impagável.

Qual foi o papel mais significativo que você já vivenciou na carreira?
Eu diria que a Ciça, em Malhação, porque ela realmente mudou a minha vida. Eu era uma atriz e, depois dela, sou outra. Principalmente em termos de reconhecimento. Malhação foi uma escola.

Como você concilia a vida na capital pernambucana e no Rio de Janeiro?
Eu tento ir o máximo possível. É difícil porque recebo meus horários de trabalho em cima da hora, mas tento programar pra ir duas ou três vezes a cada seis meses, pelo menos. Sou muito ligada à minha família.  Eu recarrego as baterias.

Você pensa em dirigir algo?
Penso sim. Mas antes, preciso ganhar mais experiência em todas as áreas. Tenho muita vontade de dirigir algo, tenho roteiros que eu escrevo. Quando eu estiver mais madura como artista, com certeza vou ter meus projetos.

Author: Júlia Molinari

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