Coordenadora do projeto Mães por todas, Áurea Negromonte tem 420 filhos de alma
Casada, com dois filhos biológicos – Mariana e Guilherme – e 420 filhos de alma. Áurea Negromonte, 40 anos, formada em Relações Públicas, dedica sua vida ao trabalho voluntário há dois anos. Já foi coordenadora da ONG Aliança de Mães e Famílias com Doenças Raras, participou do grupo Mães Produtivas e atualmente é coordenadora do projeto Mães por Todas, todos os trabalhos voltados às crianças com microcefalia. Áurea é conhecida como a grande madrinha destas famílias, tendo uma relação estreita com diversas mães do projeto.
“Meu maior desafio hoje é mostrar para a sociedade que essas mulheres existem e não precisam ser cuidadas, amparadas. As crianças sempre as terão, mas e elas? Terão quem por elas? Hoje temos que levar adiante o lema: Uma por todas e todas por uma. Se uma mulher não ajudar outra mulher quem mais fará isso?”, explicou a empresária.
O voluntariado chamou a atenção de Áurea desde cedo. “Se alguém me falasse que conhecia alguém que estava precisando de algo, eu corria para tentar ajudar”. E o espírito solidário aflorou sua vontade de ajudar. Em uma noite de sopão, na Praça do Diario, Áurea conheceu Tânia Santana, voluntária da AMAR, e desde então elas não se largaram mais – e nem o trabalho voluntário. Áurea começou como voluntária esporádica e agora se dedica em tempo integral a outros projetos. Atualmente, vive a vida das mães com as mães.
Com a iniciativa de ajudar essas mulheres a obter uma renda e a serem reinseridas na sociedade, Áurea criou o projeto Mães Produtivas, com foco no artesanato, e a partir daí tentar devolver a autoestima para elas, que geralmente são abandonadas pelos maridos e não têm com quem deixar os filhos. “Eu mesma compro o material, garimpo as novidades no centro da cidade, crio e ensino a elas. É uma alegria ver cada uma fazer um colar, uma pulseira e perceber que são capazes de ir além”. Atualmente, Áurea é coordenadora do projeto Mães por Todas, bem parecido com o Mães Produtivas, mas além do artesanato, ela também ensina às mães a fazer doces e a ter um público consumidor do serviço, dando renda às mães raras e mulheres em situação de vulnerabilidade.
Confiança, respeito e amor incondicional. Assim é a relação de Áurea com seus filhos Mariana, 22, e Guilherme, 14. “Eles entendem que esse é meu trabalho, e já se acostumaram com a rotina. Sempre tem um bebê lá em casa. Tem amor para todo mundo”.
Um dos momentos mais emocionantes enquanto atua no trabalho voluntário, foi o falecimento de um de seus filhos de alma e o nascimento daquele que seria seu afilhado. Vanessa dos Santos, mãe de Enzo, que nasceu com microcefalia, engravidou novamente e prestes a dar à luz, às 3h da manhã, ligou para Áurea, que acompanhou 3h30 de trabalho de parto. “Lorenzo, meu afilhado, é um presente. Ele ocupa um espaço imenso, não só no meu coração, mas na minha casa, na minha família”. Para os momentos bons e ruins, Áurea se faz presente na vida dessas mães. Foi ela quem reconheceu o corpo de Benjamin, que faleceu no Hospital da Restauração, no ano passado, e levou Bruna até o enterro do filho. “Doeu tanto que pensei em desistir”, confessou. “O trabalho voluntário é algo inexplicável, você sai de casa para doar algo e recebe o amor em troca. Eu sou só gratidão por tudo que tenho recebido”.
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