Neste domingo (17), a cantora MC Carol publicou em suas redes sociais um relato sobre diversos casos em que sofreu com o racismo ao longo de sua vida. “Eu cresci sofrendo racismo e gordofobia, mas o racismo sempre foi mais pesado. Eu era chamada de ‘macaca’ e ‘cabelo de Bombril’ quase todos os dias. Eu cresci com medo, medo de brancos, de entrar em ‘ambientes brancos'”. “Depois de tantos anos eu ainda tenho alguns receios, como entrar em um restaurante caro, por exemplo. Meu receio faz sentido, porque o racismo nunca esteve tão vivo. Talvez esteja mais indireto, mas ainda existe.”
Carol relembrou que o primeiro se deu no primeiro dia de aula, em uma escola nova, quando ainda era uma criança: “Eu fui trancada no banheiro por meninas brancas. Já postei sobre isso e fui questionada por lembrar disso tão pequena, deve ser porque, quando dói muito, marca”. “Eu saí da creche da comunidade e fui para um colégio em que a maioria não era de comunidade, não vestiam roupas simples, não calçavam sapatos simples e não tinham mochilas simples iguais às minhas. Eles me olhavam com nojo, implicavam com tudo, principalmente com minha mochila e o meu cabelo”. Carol ressalta que ficou na escola até a 5ª série, já que sua família afirmava que o ensino no local “era forte”. Segundo ela, apenas cinco pessoas a tratavam bem no colégio, entre elas, o porteiro, que tentava evitar que apanhasse na hora da saída. “Eu era minoria. Os poucos negros ali já tinham uma mente racista”, ressaltou.
MC Carol também falou sobre a morte de Pedro Gonzaga, jovem que morreu após ser sufocado por um segurança do Extra no Rio de Janeiro. “Isso não é coincidência, isso é racismo, e racismo mata! Não existem chacinas com meninos loiros. Homens brancos de olhos azuis não são presos e mortos porque foram confundidos. Isso é um absurdo! Nossas vidas importam! Vidas negras importam!”, encerrou.