Jornalista Mario Helio lança livro sobre Gilberto Freyre nesta terça (21)

Mergulhando na obra de um dos intelectuais mais importantes da história de Pernambuco, o jornalista e escritor Mario Helio Gomes está lançando seu livro ‘A história íntima de Gilberto Freyre’, que resgata tanto a vida do seu personagem real quanto o Recife do século XIX e XX logo em suas primeiras páginas. Após dois anos de fechamento, a Casa-Museu Magdalena e Gilberto Freyre estará aberta ao público para o evento de lançamento nesta terça-feira (21), às 18h.
Anúncios de jornais noticiando fuga de escravos, comércio de sítios, aluguel de amas de leite e transformações pela cidade são reproduzidas na obra de Mario Helio, que avalia como o ambiente rural de escravidão influenciou a vida e a obra do famoso historiador e sociólogo recifense, nascido em 15 de março de 1900 na Estrada dos Aflitos (atual Avenida Conselheiro Rosa e Silva). Gilberto Freyre, de acordo com o autor da publicação, considerava a intimidade “um veículo para a verdade histórica” e era um “historiador que tenta não se limitar à lógica histórica nem à exata cronologia”.
Mario Helio é doutor em antropologia pela Universidade de Salamanca, na Espanha, e, no seu trabalho, demonstra a busca por um entendimento livre de julgamentos da pessoa e obra de que está retratando, se debruçando sobre o diário da juventude de Gilberto Freyre e revelando o significado por trás do provocativo título do livro, que é um desdobramento natural de sua dissertação de mestrado em História defendida na Universidade Federal de Pernambuco, em 1994.

“A ambiguidade reforça algo muito característico em Gilberto: é uma história sem intimidações, ou seja, ele não receia em usar a primeira pessoa e ser mais um personagem da história, pois o seu primeiro trabalho intelectual de fôlego – a dissertação de mestrado – foi uma tentativa de compreender o Brasil do tempo dos seus avós – e Casa-Grande & Senzala teve a ambição de ser uma espécie de autobiografia do Brasil. Sim, a expressão é desse jeito mesmo: não mera ‘biografia’ do Brasil, mas ‘autobiografia’ do país e dele, com sua história, inserido na História. Melhor ainda é a definição dele que está na afirmação de Lúcio Cardoso (escritor): ele sabia como nenhum outro inaugurar uma intimidade”, afirma.
O escritor ressalta no livro também como Gilberto Freyre gostava de ser elogiado e de se auto elogiar, explicando que a vaidade nunca se transformou em antipatia. “As críticas e os erros apontados nas suas obras ele recebia-os, na maioria das vezes, muito bem, e corrigia os erros que reconhecia e admitia a partir dessas críticas. Basta ler as constantes atualizações e os prefácios que aumentavam seus principais livros”. (Diario de Pernambuco)
