Marcelo Camelo trouxe a voz e o violão
A ansiedade pelo show de Marcelo Camelo pôde ser traduzida pelo público que preenchia as cadeiras do Teatro da UFPE na noite desse sábado. O “Hermano” trazia a promessa de uma apresentação tranquila, batizada de “Voz e violão”, sem maiores cerimônias. E foi assim que ele surgiu ao palco. Começou com a mesma música que encerraria: Luzes da Cidade. Embalou alguns sucessos cantados em coro pela plateia quando, somente após a quarta canção, cumprimentou os presentes.
Apesar de algumas diferenças dos setlists que vem apresentando em outras cidades, ele ofereceu seu melhor aos recifenses. As mais pedidas estavam lá, entre elas sons da banda Los Hermanos, composições próprias, releituras e clássicos que ficaram conhecidos nas vozes de outros artistas. Samba a Dois, A Outra, Cara Valente, Doce Solidão e Porta de Cinema empolgaram. Por vezes, era o público quem cantava alto enquanto Camelo só tocava e sorria com a repercussão. No entanto, era tênue a linha que dividia colaboração e barulho e o artista sabia bem diferenciar o que ajudava ou atrapalhava seu concerto.
Era visível o incômodo do cantor com qualquer tipo de comportamento que fugisse à ideia de “assistir ao show”. Primeiro, eram os bate-papos. “Sei que muita gente hoje veio aqui para colocar a conversa em dia. Mas outros vieram para curtir a noite de verdade. Muito obrigado a todos vocês por terem vindo”, disse, minutos antes de mostrar inquietação com alguém nas primeiras filas: “quero agradecer até a esse cara aqui na esquerda que não parou de falar até agora… seria bom se você pudesse colaborar”. Os cliques pelas diversas câmeras digitais também não cairam no gosto de Marcelo. “Olha, só uma dica: os flashes só alcançam três metros então a foto de vocês vai pegar mais a cabeça de quem está a sua frente do que a mim”, ironizou o cantor.
Concentrado no show, ele tentava ignorar os gritos bem audíveis de alguns. Acabou quebrando o tom sério quando alguém pediu em alto e bom som para que tocasse Copacabana. Estava iniciando outra música quando parou e atendeu ao pedido dizendo “vou tocar só pela voz muito boa do cara que gritou”. Outra faixa que entrou de última hora foi Vermelho. Segundo ele, a inspiração em tocá-la se deu no caminho ao Recife, após avistar o sol forte da região. Um dos principais destaques da noite foi a parceria com o músico Thomas Rohrer, com quem dividiu boa parte do setlist. Ele foi responsável por tocar a rabeca, dando novos arranjos ao violão acústico de Camelo. O efeito, por sinal, foi bem transmitido pela estrutura do Teatro, cuja acústica permitia que todos pudessem ouvir o show.
Thomas esteve presente na metade e no fim, quando Marcelo dedicou o Bis com a música mais aguardada: Morena. Os fãs aprovaram o resultado de pouco mais de uma hora de show. Na plateia havia tanto admiradores do Los Hermanos quanto de sua carreira solo. Ao final, muitos correram para a porta do camarim, na esperança de trocar uma palavra com o ídolo – que não pôde atender a todos. Como divulgado anteriormente, a agenda do artista fez da visita ao Recife um “bate-e-volta”, impedindo até a presença da esposa Malu Magalhães ao seu lado no palco. Camelo reuniu um público eclético no teatro: adolescentes, jovens e adultos estavam lá, em casais ou em grupos. Alguns investiam no visual despojado enquanto outros caprichavam na produção. Unanimidade, entretanto, no que diz respeito à admiração do carioca que estava no palco.







