A mania por vinil de Nicola Sultanum
Nicola Sultanum respira música. Isso pode ser notado pelas suas tatuagens, no nome do seu empreendimento – o restaurante Mingus, que é uma homenagem ao músico americano de jazz Charles Mingus – e na sua numerosa coleção de vinis antigos, novos, raros e autografados. Aos 39 anos, o pernambucano não sabe a quantidade exata de discos que tem, mas arrisca um palpite: entre 3.000 e 3.500.
Aos 9 anos, o restauranteur ganhou de presente da mãe o seu primeiro vinil: A Hard Day’s Night dos Beatles. O qual, infelizmente, ele não tem mais hoje em dia, pois terminou perdendo o mimo. A partir daí, ele começou a gastar todo dinheiro que ganhava dos pais em vinis e sua coleção começou a tomar forma.
“Quando eu era adolescente, achava que o vinil ia acabar com o surgimento do CD e MP3. Por isso, vendi todo o meu acervo e comecei a comprar CD até perceber que a qualidade sonora da música estava sendo reduzida. A melhor forma de escutar uma canção é ouvir da maneira exata que ela foi gravada. No vinil, é possível ouvir o som mais completo do que em formas digitais. Anos depois de constatar isso, retomei o hábito de garimpar mais títulos novamente”, conta.
Com uma quantidade tão vasta de discos, Nicola não consegue escolher o que mais gosta. “É difícil escolher o favorito, mas tenho um carinho especial pelo Sister do Sonic Youth e os dois primeiros do Iggy & The Stooges: o The Stooges e Raw Power”.
Para facilitar no momento de achar a bolacha desejada, ele separa seus discos em ordem alfabética e em três divisões: artistas brasileiros, contemporâneos e de jazz. De músicos do Brasil, inclusive, ele possui dois discos raros: como Chega de saudade, de João Gilberto, de 1959, e Tim Maia Racional, de 1975.
Em setembro de 2010, a banda norte-americana Dinosaur Jr se apresentou no Recife durante o festival Coquetel Molotov. Entusiasmado, Nicola convidou os integrantes para conhecer o Mingus. Os artistas gostaram tanto do local e do pernambucano, que deram de recordação o disco Farm autografado. O acervo conta, ainda, com discos assinados de João Donato, Television, Dead Kennedys, entre outros. “Na verdade, eu tenho mais CDs com autógrafos que vinis”, comenta.
Atualmente, o restauranteur não adquire novos exemplares em sebos recifenses, mas sim, no exterior. “Na última viagem que fiz, voltei com cerca de 40 novas aquisições. Além disso, costumo comprar de outros colecionadores “, fala. Os cuidados para manter as bolachas conservadas são poucos: apenas lavar com água e sabão assim que obtém o disco.
A paixão por vinis é tão grande que Nicola também pretende lançar em bolacha o primeiro trabalho da sua banda, a Cassidy. Por fim, ele explica a mania pelos itens. “O vinil tem mais profundidade e exige mais atenção na hora da audição, pois você tem que escutar um lado e depois o outro. Ou seja, você ouve o disco inteiro. Fora a arte da capa, que é maior e pode ser melhor visualizada. O momento que mais gosto de ouvir um bom disco é quando estou com minha mulher e preparamos ou compramos um jantar”.
Leia outras postagens da série clicando aqui