Quer saber como surgiu o Mundo Bita? A animação deve virar série para TV

Crédito: Mundo Bita/Divulgação

Crédito: Mundo Bita/Divulgação

Quem nunca ouviu falar sobre o Mundo Bita? O apresentador de circo mais querido das crianças nasceu da criatividade do recifense Chaps Melo, que podemos chamar de “pai do Bita”. Ele criou o personagem quando estava pensando em uma decoração para o quarto de sua primeira filha, Anabel. Bita virou uma animação, encubada no Porto Digital, que hoje soma mais de 40 milhões de visualizações no YouTube, 218 mil incritos na plataforma online e está no ar no canal por assinatura Discovery Kids.

Chaps Melo, considerado o "pai do Bita" - Crédito: Arquivo pessoal

Chaps Melo, considerado o “pai do Bita” – Crédito: Arquivo pessoal

O designer de 38 anos é o responsável pelas músicas que fazem tanto sucesso com os pais e crianças, fugindo completamente do comercial, com o intuito de ensinar crianças a respeitarem diferenças. O desenho já virou peça teatral, brinquedos, tema de festas de aniversário e deve ganhar uma versão em seriado, além de um projeto de internacionalização. Desde 2013, Bita ganha versões em DVD e até já arrematou o Disco de Ouro com a versão Bita e as brincadeiras. Em entrevista exclusiva ao Blog João Alberto, Chaps Melo contou as inspirações para a atração, projetos futuros, e como faz o Bita ser querido por tanta gente. Confira:

Como surgiu a ideia de criar o Mundo Bita?

O Bita, na verdade, existe antes de ser o Bita. Ele surgiu quando minha primeira filha, a Anabel, ia nascer, na barriga da mamãe, e a gente queria decorar o quarto dela. Mas como não achamos nada que fosse o que queríamos mostrar, criamos o personagem. Dois anos depois, com a Mr Plot, estavam pensando em um personagem novo, autoral, então eu ofereci o Bita.

Quais as inspirações para a animação?

Com certeza, nossos filhos são as principais inspirações. Eu tenho a Anabel e a Martina, e todos nós somos pais e até avô. A gente se inspira nas coisas que elas mostram pra gente, porque criança é mais livre, presta atenção nas coisas mais simples. Nossas temporadas, todas têm um tema – Animais, Brincadeiras, Nosso Dia… – são fatos do dia a dia da criança, que chamam a atenção delas.

Quantas pessoas fazem parte da equipe?

Nós somos quatro sócios: eu, que fico na criação das músicas e canto; Felipe Almeida nos negócios; João Henrique Souza que é da comunicação; e Ênio Porto, do financeiro e administração. Ainda tem a equipe de animação, que são seis pessoas, três ilustradores, mais dois músicos e também o setor dos aplicativos.

Sócios responsáveis pelo Mundo Bita

Sócios responsáveis pelo Mundo Bita – Crédito: Arquivo pessoal

Você já fazia música antes do Bita?

Eu sempre tive uma relação muito próxima com a música, minha mãe é musicista e era professora de piano. Eu estudava em casa ouvindo as aulas dela. Na adolescência, eu tive banda com os amigos, mas nunca profissionalmente. Hoje, eu posso dizer que sou músico e diretor criativo.

As músicas têm uma linguagem inteligente voltada para crianças. Como vocês trabalham essa questão?

Eu acho que isso é nossa principal inovação. O Bita é uma coisa feita hoje, para crianças de hoje. Não usamos músicas antigas, é moderno. A gente fala sem tratar a criança como um ser bobinho e inocente, e sim como um indivíduo que pode absorver a informação que a gente está passando através do desenho, mesmo que não entenda todas as palavras. Não foi intencional, foi o que a gente sabia fazer. E isso é o principal responsável pelo sucesso do Bita. Muitas vezes os pais são mais fãs que os filhos.

Como vocês mantém as atualizações do programa e dos clipes?

Nesta nova temporada, Bita e a Natureza, a gente lança um episódio todo mês. Toda última sexta-feira do mês, por enquanto. Ano que vem, a gente tem o projeto de fazer uma série. A gente quer explorar a dramaturgia, que é uma coisa que os fãs curtem e tem demanda. Seriam episódios de cinco minutos, sendo quatro de texto, com resolução de questões, e a parte musical. Não tem nada fechado ainda, estamos vendo parcerias. Não vamos deixar de fazer os clipes.

Show Mundo Bita - Crédito: Divulgação

Show do Mundo Bita no teatro – Crédito: Divulgação do espetáculo

Quais são os futuros projetos para o Mundo Bita?

Estreamos uma peça nova, Bita e a Imaginação Que Sumiu, no Rio de Janeiro – e está em fase de captação de recursos para viajar o país -, outro espetáculo em Curitiba, baseada no nosso segundo DVD, Bita e as Brincadeiras, e também temos um show novo, que estreou no fim do ano passado. Basicamente, são essas coisas que a gente já estreou e vai trabalhar o resto do ano.

Como vocês conseguem manter a qualidade de todos os produtos inspirados no Bita?

A escolha dos parceiros é o mais importante. Para o teatro, hoje, a gente tem três produtoras parceiras: no Recife, em São Paulo e no Rio de Janeiro. São parceiros que também respiram o Bita, já entendem a filosofia da animação.

O Mundo Bita vai começar a ser distribuído para outros países?

Isso faz parte de um projeto de internacionalização do Bita, através da Sony Music. São as versões em espanhol do nosso primeiro DVD. Depois, com a série, isso é uma coisa que vai se expandir. Pretendemos fazer em dois idiomas, pelo menos. São passos que ainda estamos dando, não é que vai acontecer agora. Ainda estamos fazendo versões das músicas, para tentar atingir outros mercados. Mas, por enquanto, o principal ainda é o mercado brasileiro.

Crédito: Mundo Bita/Divulgação

Crédito: Mundo Bita/Divulgação

Como surgiu a ideia dos espetáculos para o teatro e como tem sido a repercussão?

Primeiro, foi a produtora do Recife, a Oba, que procurou para uma demanda de um shopping center, para o Dia das Crianças. Essa foi a primeira aventura ao vivo do Bita. Percebemos que fez sucesso e começamos a abrir o olho pra este mercado. Todas as peças têm roteiros diferenciado. Hoje é uma linha tão forte quanto a animação.

Como vocês lidam com os fãs?

Nossa rede social é uma das que mais interage nesse meio infantil. Procuramos responder todos os fãs, pois a opinião deles conta muito para ajudar a trilhar nossos caminhos. Estamos sempre ouvindo porque são eles que dão nosso norte, são pais como a gente, com opiniões a serem consideradas. E é isso que faz a relação ser tão boa. A partir do momento que você questiona o ídolo e tem um feedback, você passa a ter uma relação de afeto.

Você fala muito de carinho, amor e afeto. É assim a relação de vocês com o Bita?

Sim, a gente não gosta de fazer nada que desestabilize a atmosfera do Bita. Se você vier aqui no escritório, vai ver que é leve, agradável. Nosso jeito de se comunicar é assim. A gente viu que essa postura deixa as pessoas mais felizes, trabalham melhor. Amamos o Bita.

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