Psicóloga fala sobre impactos do coronavírus e dá dicas para se manter saudável durante o tempo de distanciamento social
A psicóloga Zani Câmara (CRP: 03/19991) que atualmente faz especialização do curso de Gestalt – terapia e é pós-graduanda em clínica psicanalítica conversou com um Blog João Alberto e deu algumas dicas e recomendações sobre como lidar com este período de distanciamento social. Zani sempre teve vontade de ajudar o próximo e enxerga a psicologia como uma das coisas mais importantes de sua vida. A profissional também nos contou um pouco sobre a exigência de variadas ferramentas para este cenário atual, cujo atendimento está acontecendo virtualmente.
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Como é a atuação da psicologia durante este período de pandemia?
Diante a pandemia o Conselho Federal de Psicologia (CFP) constitui a possibilidade de atuação de psicólogos em situação de emergência e desastres. Para que a prestação de serviço psicológico ocorra através da tecnologia online é necessário que o profissional tenha o cadastro junto ao seu Conselho Regional de Psicologia (CFP). Nosso trabalho diante a pandemia têm se tornado ainda mais significativo em contextos clínicos, assistência social e políticas públicas, e principalmente no âmbito hospitalar que atua na linha de frente contra a Covid-19.
Nesse caso é possível atuar sobre as orientações que visam minimizar os riscos de contaminação, o trabalho de conscientização acerca das mudanças dos hábitos, as implicações emocionais, escuta terapêutica, e principalmente acolhimento no âmbito psicológico a fim de garantir a saúde mental e bem estar de todos.
Quais os impactos da pandemia para os profissionais de saúde e pessoas com transtornos mentais?
Profissionais de saúde– Sabemos que profissionais de saúde estão enfrentando questões que nunca enfrentaram antes, é um período de muito caótico para todos, por este motivo é importante manejar tanto a saúde física como a mental desses colaboradores. Depressão, transtorno de estresse pós traumático e crises de ansiedade estão entre as consequências da intensa demanda. O ideal é que eles tenham um momento de encontro regulares para que esses profissionais possam liberar toda essa carga emocional. Um encontro ou atividade leve em grupo ajuda muito, e os casos mais graves deve ser encaminhados ao suporte psicológico.
Pessoas com transtornos mentais- Diante o cenário em que vivemos é bem comum que a saúde mental como um todo sofra algum tipo de impacto. Pessoas que já apresentam algum tipo de transtorno estão de certa forma mais vulneráveis a uma possível crise ou aumentos desses sintomas. Primeiro porque a maioria dos serviços incluindo saúde mental, foram suspensos por conta do isolamento. Dessa forma muitas pessoas estão sem o acompanhamento necessário. Além disso tem a questão de estresse, o isolamento em si e toda tensão gerada acerca de uma momento jamais vivido..tudo isso contribui para o aumento de estresse, ansiedade e outros sintomas depressivos.
Como você vê o atendimento on-line? E os grupos terapêuticos virtuais?
O atendimento on-line é uma excelente alternativa que facilita o acesso a saúde mental para um maior número de pessoas. Acredito que é importante, é uma ponte de acesso ao paciente. Obviamente, desde que siga todo protocolo ético estabelecido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP).
Qual a melhor maneira de abordar os públicos diversos no atendimento/acolhimento, uma vez que o nosso contato agora se dá apenas virtualmente?
Falando do meu trabalho, a melhor maneira de abordar os públicos diversos é através da escuta terapêutica, o cuidado e atenção devem ser redobrados para que o trabalho seja executado da melhor maneira.
Quais danos psicológicos desse confinamento para a população?
Diante um momento caótico como esse é bem comum a prevalência de respostas emocionais negativas, como medo, tristeza, culpa, insônia, irritabilidade, etc.
>> RECOMENDAÇÕES E DICAS
Como controlar a ansiedade durante este período de quarentena?
Reduzir o consumo de informações: se mantenha informado mas busque fontes confiáveis para isso. Evite o consumo de notíciario.
Praticar o autocuidado: faça coisas que trazem bem estar, tire um momento para você. Hidratar os cabelos, tomar um banho demorado, comer algo que você gosta.
Estabeleça uma rotina: defina horários para suas atividades do dia, divida entre obrigações e coisas que te façam bem como por exemplo ver um filme ou ler um livro.
Faça atividade física: atividade física é um excelente aliado para o controle da ansiedade e redução de estresse.
Cultive pensamentos positivos: é importante ter em mente que esse momento logo vai passar!
A quantidade/velocidade das informações aumentaram neste período. Como lidar com a exaustão mental?
A exaustão mental durante uma pandemia é uma realidade bastante comum e é vivida por muitas pessoas. Existem alguns pontos que facilitam esse processo, entre eles estão:
> Aceite e dê espaço para cada emoção: é natural estar conflito em algum momento da vida, porém reprimir ou mascarar isso não ajuda. Portanto, dê espaço e lugar a cada sentimento. Aceite sem se criticar, é importante que as emoções sejam vivenciadas.
> Seja consciente: é comum que surja alguns pensamentos negativos, quando isso acontecer aí invés de se apegar a eles os questione. Se pergunte se determinado pensamento é real e quais chances existem para que ele aconteça.
> Explore momentos de desconexão: se permita vivenciar momentos de descanso, calma, tranquilidade. Procure praticar atividades que te tragam equilíbrio, aliviando todo estresse do dia a dia.
Quais sugestões de fácil ação para os que estão em casa e sentem extremamente solitários e desmotivados?
Utilize a internet a seu favor: aproveite para se manter perto da família e amigos através das chamadas de vídeo. Envie uma mensagem para aquele amigo (a) que você não tem contato a muito tempo. Estabeleça uma rotina para que não fique muito tempo sem fazer nada.
Qual a recomendação para as famílias que estão lidando com o uso abusivo de álcool, entre outros vícios de parentes como fuga de contato com este momento?
Estreitar o vínculo familiar é extremamente importante. Ações como falar de sentimentos e chorar juntos, geralmente, são deixadas de lado… mas todos sofrem, cada qual à sua maneira. E sentir que estão conectados enquanto família, que podem ouvir uns aos outros, pra mim é uma boa estratégia.
