Compositor André Rio ajuda a matar um pouco da saudade do carnaval pernambucano que precisou ser cancelado em 2022

Faltando menos de duas semana para o que seria o tão esperado feriado carnavalesco em Pernambuco, o cantor e compositor recifense André Rio conversou com o Blog João Alberto sobre o cancelamento do carnaval, a saudade que fica de comemorá-lo, o início da sua carreira dentro do frevo e momentos especiais durante a trajetória como artista. 

André deu início à profissão cedo, muito por ser filho, neto, sobrinho e irmão de músicos. Começou a cantar por volta dos sete anos em festivais estudantis e, com 17, já era um intérprete consagrado, passando a montar seus próprios espetáculos. O primeiro disco veio em 1990; desde então, o artista é referência dentro do frevo e bastante requisitado nos carnavais de Recife e Olinda, já tendo feito parcerias com artistas como Alceu Valença e Elba Ramalho. 

Dono de uma carreira internacional com o projeto e turnê ‘Viva Pernambuco’, Rio foi homenageado no carnaval de 2018 pelo bloco “O Homem da Meia Noite”, ganhou o prêmio da Acinpe de melhor CD de frevo com ‘Bloco Troças e Foliões’ e comemorou, em 2019, 25 anos de desfiles ininterruptos no Galo da Madrugada. Ao Blog João Alberto, ele fala sobre o momento delicado que a indústria musical vive devido à pandemia e as sensações que têm de ser peça fundamental para um dos maiores feriados que Pernambuco já teve. Confira: 

  • Esse é o segundo ano que Pernambuco não comemora o carnaval por conta dos casos de Covid-19. Como você se sente “impedido” de celebrar o feriado carnavalesco mais uma vez? 

Momento muito delicado para a música pernambucana como um todo. Estamos sem poder exercer nosso ofício em mais um Carnaval. Toda a cadeia produtiva da música está agonizando e me sinto impotente diante desse panorama. Não há muito o que fazer. Mas tento fazer a minha parte, quer seja compondo, incentivando, movimentando as redes com música  e emprestando meu nome para campanhas e projetos que visam arrecadar fundos para os artistas populares, músicos e agremiações que estão em situação pior do que a minha. É um misto de sentimentos! Reconheço que, por conta da pandemia e a questão dos índices de vacinação não serem ainda o ideal para esse tipo de aglomeração, fica difícil pensar em Carnaval. Sinto um vazio muito grande em não estar podendo fazer o que tanto amo: cantar! Mas tenho Fé e esperança que tudo isso irá passar. A palavra que me define no momento é saudade!

  • De onde surgiu o interesse pelo frevo, especificamente?

Sou filho do Bairro de São José. Berço do frevo pernambucano. Não bastasse essa identidade, sou filho, ainda, de um homem que era apaixonado por esse gênero musical e um grande compositor de frevo. Meu compositor primeiro: Alirio Moraes e sobrinho do grande Maestro Zé Menezes. Meu DNA é do frevo! Não tinha como escapar.

  • André, sabemos que você também é dono de uma carreira internacional e já sediou diversos shows Europa afora. O que você considera que foi fundamental para expandir sua música nessa magnitude e mostrar Pernambuco ao mundo?

Tenho uma cabeça efervescente que não para de sonhar e idealizar projetos! Nunca fui aquele tipo de artista que ficava sentado, esperando as coisas acontecerem. Me jogava no mundo das ideias e fazia elas acontecerem. Não foi diferente com meu projeto internacional denominado “VIVA PERNAMBUCO”. Idealizei e coloquei em prática para levar ao mundo nossos gêneros musicais e graças a Deus, a minha equipe, aos produtores internacionais e artistas pernambucanos que convidei ao longo desses anos, o projeto é um sucesso e vem dando certo há 21 anos.

  • Para você, existe algum determinado momento que marcou sua trajetória de forma especial?

Minha trajetória é feita de grandes momentos e realizações, apesar de todas as dificuldades e altos e baixos inerentes à profissão. Viver de arte é muito difícil, mas permaneço lutando  com muita garra e dignidade ao longo desse tempo. Aprendi que cantar é minha vida e minha missão. Faço isso desde os 7 anos e cada vez que piso no palco e me apresento para um público novo é um grande acontecimento!

  • Se você pudesse escolher um aspecto favorito dentro da carreira de músico – especialmente quando se está inserido em algo tão grande e importante para o pernambucano, como é o carnaval -, o que seria?

Não existe sensação maior e melhor do que ver o povo cantando junto com você o nosso frevo pernambucano, especialmente ‘Chuva de Sombrinhas’ que, surpreendentemente, virou um dos frevos mais cantados e tocados do carnaval pernambucano. 

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