A Independência do Brasil

O blog começa hoje a publicar os artigos do promotor de Justiça José da Costa Soares, sobre assuntos da história do Brasil, Pernambuco e Recife. Neste primeiro, ele aborda a Independência do Brasil.

Às 16h:30min do dia & de setembro de 1822,, ao aproximar-se do riacho do Ipiranga, Pedro I, com apenas 23 anos, declarava a independência do Brasil.

O que motivou a independência de um país dominado pelo analfabetismo, pobreza, latifúndio e tráfico negreiro?

 Em verdade, o grito do Ipiranga foi uma consequência direta da fuga da Corôa para o Brasil, em 1808.

 Ao empreender melhorias na colônia, D. João VI despertou ressentimentos nas cortes portuguesas, que culminaram na Revolução Liberal do Porto (1820).

Esta revolução impôs uma série de exigências, dentre as quais, o retorno da Corôa para Portugal.
D. João VI voltou, mas deixou o seu filho.

Pressionado pelas circunstâncias e, principalmente, temendo ver o seu poder esvaziado, Pedro I decide declarar a independência do Brasil.

As questões que nos impõem, porém, são muitas.

Um olhar atento demonstra que, na verdade, o imperador tornou-se um grande avalista de um pacto nacional em que a elite agrária escravista apoiava o trono e, em troca, recebia a garantia de que os seus interesses seriam preservados.

Isso explica porque o Brasil nunca fez uma reforma agrária, foi o último país da América a acabar com o tráfico negreiro e o último a abolir a escravidão.

Passados 201 anos, os nossos problemas congênitos mantém-se mais atuais do que nunca.

Jamais o país saldou a dívida histórica com o legado perverso da escravidão.

 Simulou que resolveu o problema com a Lei Áurea, mas nunca se preocupou em incorporar a população negra à sociedade brasileira.

Sob um outro aspecto, é lamentável que a historiografia oficial negue-se a reconhecer os inúmeros outros episódios sangrentos que custaram a vida de centenas de brasileiros, bem distantes do centro-sul do país, como a Revolução de 1817, em PE, a Batalha do Jenipapo, no PI, e o 2 de julho baiano.

Por fim, a triste constatação: em 2022, o país voltou ao Mapa da Fome

Apesar de figurar entre as maiores economias globais, o Brasil enfrenta o paradoxo de ter 31,2 milhões de pessoas vivendo em situação de fome ou de insegurança alimentar grave.

Definitivamente: de barriga vazia, a independência não passa de uma ilusão.

Author: João Alberto

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